Domingo, 26 de Agosto de 2007
O orgulho contra condutor
leva à desgraça hilariante
Não é graça perder
A traça roi a roupa
e a linha endividada ganha alça
para pular um muro frágil
a impossibilidade do esquecimento
a mente decora um mundo
que tal é se há mudança?
Não é nada
Só esperança
A poesia de donzelas intocaveis parou
há poesia que é vida
é picareto e pedra e o ronronar
da monotonia
na dissonancia vazia do trabalhar
do amar do sentido ilógico
do andar por aí
perdido
Nomes com M
Por aqui, por ali
e por alem
nada é insubstituível
só é demonstravelmente
difícil
olha o mundo de lado
se ele é padrasto
vales mais do que qualquer conceito geral
eu não vivo porque
é difícil
mas porque me agrada
sofrer.
Piteira
Terça-feira, 21 de Agosto de 2007
“Dia 23 de Agosto de 2005, cheguei no avião da Merpati Airlines, ao Aeroporto Internacional Presidente Nicolau Lobato, em Dili
Tinham-me dito que havia tudo em Dili. Que não era preciso levar nada de Portugal.
(…) Por via das dúvidas decidi levar, também, a minha caixa de pastéis de cera aguareláveis.O papel compraria em Dili. No mínimo podia fazer alguns registos a aguarela ou pintar a pastel.
Felizmente em Timor existem, também, muitas pedras bonitas que ganham bonitas tonalidades molhadas pelo mar de Timor. Umas são fininhas como cartolina, com as arestas boleadas, outras em forma de coração, outras pareciam ter linhas enroladas, e uma tem uma figurinha que parece ter sido desenhada por uma criança de 3 /4 anos. Apanhei muitas, muitas.
(…) Umas apanhadas na Praia de Comoro, nos fins-de-semana, outras em passeios ao fim de tarde na praia dos Coqueiros. (…) Adoro-as. Quando lhes pego sinto Timor.”
Ana, a nova originalista
Amor sacana!
Que fazes de mim?
Estou a ficar mole.
Sem vida pela distância.
Não quero estar assim.
Não vou permitir que me domines.
Não me vou render.
Vou lutar.
Só não sei quando.
Na verdade tenho medo.
Sim, essa é a verdade.
Sou traumatizada.
Tenho medo de dar passos grandes.
Almofadas estúpidas com flores horríveis.
Olhos cansados de cloro e sol.
Pele quente.
Realidade doente.
Mente deprimida.
Vida triste.
Amor descontente.
Pessoa esquecida.
Alma falecida.
Embora tudo isto,
Amanhã é um novo dia.
Concha Branco
Sábado, 18 de Agosto de 2007
Desconheço o número do teu sapato
Desconheço a casa
o passado e futuro
que chega entrelaçado
Desconheço o passo
a voz o tacto
a maneira de sentir
desconheço o abraço
o beijo o amor
a loucura a megera
dura da parte rocha
de um coração feminino
A cor da porta
é um jamais desinteressante
Importante?
é dar e receber com o tal entusiasmo delirante
Eu só te conheço
Maria
pela mão e pelo 'crr ' crr ' do teclado
e pelo escrita que inspira este desconhecimento endiabrado
Escrever bonito
rio abaixo do outro lado
Ponte dom Luís
De nada interessa nesta proximidade, assim
não desapareças Maria
Porque a perda é
tudo o que conheço irreversível.
Cometes-te o erro de me conhecer, tal é a vida.
Piteira, para a Maria misteriosa dos comentários.
Quinta-feira, 16 de Agosto de 2007
Quarta-feira, 15 de Agosto de 2007
Rosto
Grafite e giz branco sobre craft
Rita Paraíso
Terça-feira, 14 de Agosto de 2007
Técnica Mista sobre papel
Luís Piteira
Domingo, 12 de Agosto de 2007
há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado
por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém
e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentado à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão
(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no
coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)
um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade
Al Berto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Al_Berto